segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A sombra da face só

Oh, você que tem mil nomes
Que sempre me pede
Me bebe, se teste, me come!

Que tem mil rostos
E se envaidece dos meus cílios
Pintados de braços
Que te abraçam em olhos inférteis!

Oh, você que não aparece
Uma trova de pescador
Que se passou
E não há quem prove, nem conteste!

Esse você é tão vago...
Interrogação, intenção...
Invisível barco

Te provo sem saber onde somes!

                                    Ivy Coelho
                                    30/11/2010

Sinfonia dos desafinados

Oh, os meus olhos tão cansados
Parecem já não acreditar em você
Miragem, erva daninha
Cresce lambuzando meu nariz
Oh, ar venenoso!

Meu amor é sinfonia
Sem ouvidos para entrar
Instrumentos sem saídas pro som
Cartas ao mar

Eu espero em março
Amasso e desfaço seu olhar

Eu espero mormaço
Atraso e disfarço o meu pesar

E eu já não sei bem
O que é perder ou ganhar

Desafino violino
Que um maestro não há de reger
Desafio baixinho
Um chorinho que não há de ceder

À uma música sem nome,
Outro monte de clichê.

                              
                                Ivy Coelho
                                   30/11/10

Escracho

Pirulito, cabelo, arame farpado
Tudo tão divertido e engraçado
 Sob o riso morto
 Estendeu-me um sorriso largo

 Em versos pequenos homenagem
 Há um grande quase homem
 Garoto artista, sem sobrenome

 Sob parecer escroto
 Parecer já não é fardo

 E por fim 
 Beijo a boca da alegria sem lábios.
 Desbocando-a sem medidas.

Porque a vida não cabe num quadrado

                                               Ivy Coelho
                                                29/11/2010


                           - A meu amigo Marcos Calhau (autor do blog Pleonasmo Tenso)
                             que me auxiliou na escolha do nome do blog.

domingo, 28 de novembro de 2010

Vermelho Paixão

Um poeta se anunciou hoje sem se quer abrir a boca
E tomou o meu corpo sem sequer tocar-me a roupa
Olhou nos meus olhos tão tontos de prazer
A sua imagem fugaz, como jamais imaginei ver

Dom divino de moldar em suas mãos
Um corpo de genuíno prazer e paixão
Os corações são todos seus
Dançam ao som de suas palavras
Quando o teu mundo nos invade
Faz-se madrugada

E esta noite ele me tomou
Como toma todas as mulheres
E me bebeu e me provou
E sentiu o seu gosto, ardeu em febre

E nós fizemos sexo, mais que a palavra pode explicar
Nos invejaram no inferno e nos motéis de todo lugar
E fizemos a noite toda
Noite longa, noite boa

Lá fora amanhecia, três ou quatro manhãs
Aqui dentro sempre noite, uma só pagã

E a poesia acabou, os minutos voltaram
Apenas um segundo se passou
Meu corpo ileso, intacto
E assim segue arte
Do meu amigo Isaque Bressy
Se vai até marte
Se assim ele quer
Se assim ele pede.

                        Ivy Coelho
                        28/11/2010


           - À Isaque Bressy (autor do blog Verse Log), agradeço por me fazer voltar a escrever poesias e publicá-las. Agradeço pela inspiração que surgio do seu  exemplo de paixão e intensidade.